Alguns gestos simples limitam realmente as más surpresas.
A GNR alerta para um esquema que visa os condutores no momento crítico de entrarem no seu carro. Observar o chão antes de abrir a porta corta uma armadilha comum, baseada num objeto colocado para desviar a atenção e criar uma brecha.
Fraudes em alta: é necessária maior vigilância
Os parques de estacionamento de supermercados, estações de serviço e áreas de serviço concentram furtos rápidos aquando da abertura das portas. As equipas mal-intencionadas identificam os gestos automáticos dos condutores e provocam um segundo de hesitação. Esse segundo abre caminho ao furto de objetos do interior do carro ou ao roubo do saco do banco do passageiro.
O método do “isco no chão” é recorrente. Um cúmplice deixa cair um objeto ao lado do automóvel. O condutor inclina-se, desvia o olhar, liberta uma das mãos e por vezes esquece-se de trancar. Um segundo cúmplice age silenciosamente, apanha um saco ou telemóvel e desaparece rapidamente.
Antes de entrar, varra o chão e os arredores com o olhar, entre sem demoras, tranque imediatamente e só depois arranque. Este hábito reduz a exposição.
Como funciona esta fraude bem ensaiada?
O grupo distribui tarefas. Um provoca o efeito surpresa com uma moeda, molho de chaves ou nota colocada perto do sapato. Outro aproxima-se da porta oposta, testa o puxador, abre se possível e apanha os objetos visíveis. Um terceiro vigia a zona e faz bloqueio visual. Tudo dura segundos.
Existem variantes. Referem-se objetos metidos debaixo da roda, uma garrafa presa na asa da viatura ou um ligeiro toque para atrair o condutor para trás do automóvel. Em áreas de serviço, há quem apele a um falso espírito de entreajuda, como um papel preso no limpa para-brisas ou uma “carteira perdida” no chão.
A vítima ideal continua a ser um habitáculo com saco, computador ou telemóvel à mão. Um vidro aberto, porta destrancada ou condutor distraído aumentam o risco.
Precauções essenciais a adotar pelos automobilistas
Uma rotina breve é suficiente para dissuadir os ladrões. O objetivo é eliminar aberturas fáceis e cortar com as distrações provocadas.
- Antes de abrir: olhar em volta, chão e arredores imediatos.
- Entre sem mexer em objetos no chão. Tranque logo que se instale, mesmo que seja só por trinta segundos.
- Guarde saco e objetos de valor fora de vista, idealmente na mala antes da viagem – nunca no banco.
- Tenha a chave na mão, nunca no fundo do saco. Evite pousar o telemóvel nos joelhos.
- Se encontrar um objeto junto à roda, parta primeiro. Estacione mais longe para avaliar a situação.
- À noite, escolha uma zona iluminada e com movimento. Evite isolamento no fundo do parque.
- Se tiver chave mãos livres, guarde numa bolsa anti-relé em casa e longe da porta.
Medidas simples para máxima segurança
A melhor defesa baseia-se em gestos bem visíveis do exterior. O ladrão observa o seu comportamento. Um condutor que tranca de imediato, mantém o olhar atento e não se inclina para o chão torna-se um alvo pouco atrativo.
Não apanhe nada ao lado da sua porta. Se o objeto for seu, priorize a segurança, depois regresse acompanhado ou mude de lugar.
Onde os riscos aumentam e como agir
Local | Estratégia comum | Reflexo útil
Parque de supermercado | Objeto atirado perto da porta, saco à vista | Entrar, trancar, colocar o saco aos pés do condutor, partir
Estação de serviço | Abordagem pelo lado do passageiro durante o pagamento | Desligar o motor, trancar, manter chaves e carteira consigo
Área de serviço | Falsa ajuda, papel no para-brisas | Não sair para remover o objeto, mudar de lugar, manter-se visível
Rua pouco movimentada | Porta testada, distração sonora | Trancar sempre, escolher percurso iluminado, olhar atento
O que fazer se for alvo?
Coloque a sua segurança em primeiro lugar. Dirija-se para um local com movimento, permaneça no veículo trancado se a situação persistir em redor. Se se sentir ameaçado ou a situação escalar, ligue o 112 ou o 17.
Se houve furto, bloqueie imediatamente os meios de pagamento. Ative a localização do telemóvel se possível. Tome nota da hora, local exato, descrições físicas e direção da fuga. Apresente queixa o quanto antes.
Elementos a conservar para ajudar na investigação
- Fotos da zona e do interior do veículo após os factos.
- Lista dos objetos roubados com números de série, se disponíveis.
- Contactos de eventuais testemunhas e referência do estacionamento.
- Registo da hora para possível recuperação de videovigilância.
Seguro e responsabilidades
Verifique as coberturas do seu seguro auto. A indemnização depende da existência de cobertura para furto, de sinais de arrombamento e do valor segurado dos bens transportados. Alguns contratos cobrem o conteúdo até um teto, outros excluem bens não dissimulados. Participe o sinistro dentro dos prazos da apólice. Fotografias e participação policial aceleram o processo.
Um bom hábito é guardar os bens de valor na mala antes de chegar ao destino. Um saco à vista aumenta os riscos e dificulta a indemnização.
Porque é que olhar para o chão faz diferença
Olhar para o chão antes de abrir a porta desmonta o cenário preparado. O cérebro antecipa uma anomalia e entra em modo de alerta. Mantém a mão na chave, tranca mais rápido e reduz ângulos mortos. Esse microcontrolo evita a postura inclinada que liberta a porta oposta e cria bloqueio visual para o cúmplice.
Este reflexo alimenta uma atenção mais ampla. Deteta presenças estáticas, trajetórias convergentes e sinais subtis. Analisa o ambiente antes do carro, depois o carro antes do objeto suspeito. Esta prioridade limita surpresas e bloqueia a janela de oportunidade que os ladrões procuram.
Otimize a rotina em 5 segundos
- Olhar 360° e varrimento do chão.
- Mão na chave, porta entreaberta só do lado do condutor.
- Saco no chão entre os pés, nunca no banco do passageiro.
- Trancar assim que fechar a porta.
- Arrancar e mudar de lugar se persistir qualquer dúvida.
Informações úteis para maior segurança
Um carro moderno permite trancamento automático ao arrancar. Ative essa opção, se o seu carro a tiver. Alguns veículos têm duplo trancamento que impede a abertura por dentro; só utilize se ninguém ficar dentro do carro. Para chaves “mãos livres”, teste o cartão ou bolsa anti-relé em casa: coloque a chave a vários metros da porta, tente abrir por fora; não deve abrir.
Pode também simular uma situação-tipo num parque sossegado, a dois. Um faz de condutor, outro espalha um pequeno objeto em diferentes pontos: lado condutor, lado passageiro, atrás da roda. Com o cronómetro na mão, treine a sequência “olhar-chão, entrar, trancar”. Este mini-exercício fixa a rotina e reduz esquecimentos na realidade.
Nas famílias, vale a pena definir papéis: o condutor garante o habitáculo seguro e tranca, o acompanhante gere as compras e crianças, ninguém se inclina para apanhar objetos no chão. Assim, evita-se a dispersão e fecha-se a porta a manipulações oportunistas.
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