Indivíduos fazem-se passar por conselheiros bancários, criam um clima de urgência e exigem ações imediatas. O esquema parece credível. Assenta em palavras tranquilizadoras, números apresentados como “oficiais” e uma falsa sensação de emergência. O alerta das autoridades surge à medida que aumentam as denúncias.
O que muda com esta vaga de burlas
O método não é novo, mas foi aperfeiçoado. Os burlões utilizam a usurpação de número para fazer aparecer o da sua entidade bancária. Realizam chamadas, enviam SMS e mensagens de voz coordenadas. O objetivo: obter o seu cartão ou os códigos de segurança para aceder aos fundos em poucos minutos.
O esquema chamado “dos falsos estafetas” volta a insistir. Após uma chamada alarmante, um suposto funcionário dirige-se a casa para “segurar” o cartão. Assim que têm o cartão e o código em mãos, sucedem-se levantamentos e compras. Vários distritos já sinalizaram casos, com várias vítimas em poucos dias.
Um banco nunca envia um estafeta a casa do cliente nem pede o código do cartão ou um código de validação por SMS.
Como os burlões atuam, passo a passo
O primeiro contacto
Uma chamada ou SMS informa sobre uma operação suspeita. A mensagem incentiva a reagir rapidamente. A mensagem incentiva a reagir rapidamente. O número apresentado pode corresponder ao da sua agência: trata-se de uma usurpação técnica.
A fase de persuasão
O falso conselheiro usa um tom tranquilizador. Refere o seu nome e, por vezes, a sua morada. Propõe o “cancelamento imediato” de operações, desde que confirme a identidade e transmita informações.
A armadilha logística
É anunciado o envio de um estafeta para “bloquear o cartão” ou “enviá-lo ao serviço de fraude”. O falso estafeta apresenta um crachá, recibo e por vezes viatura descaracterizada. O cartão e os códigos mudam de mãos. O dinheiro desaparece.
Nunca valide um código 3D Secure para uma operação que não esteja a iniciar você próprio.
Sinais de alerta a identificar
- Pedido de entrega do cartão bancário a terceiros.
- Exigência de código confidencial, CVV, palavra-passe ou código por SMS.
- Pressão temporal: “dentro de 10 minutos”, “antes de bloqueio definitivo”.
- Pedido para devolver a chamada para um número referido em SMS ou email.
- Proposta para validar notificações “para cancelar” uma operação.
- Várias chamadas seguidas, com quebras ou transferências fictícias.
O que faz um verdadeiro banco, o que diz um burlão
Promessa do burlãoPrática de um verdadeiro bancoO seu reflexo útil“Um estafeta vai recolher o seu cartão”Nunca envia estafeta a casa do clienteRecuse, guarde o cartão, ligue para a sua agência“Dê o código para proteger a conta”Nunca pede código nem CVVNão forneça nada, termine a conversa“Ligue para o número do SMS”Os números podem ser facilmente usurpadosMarque você mesmo o número oficial do cartão“Valide um SMS para cancelar uma fraude”Não valida operações não iniciadas pelo clienteNão valide, bloqueie o cartão na app“Tratamos de tudo, mesmo sem si”O banco nunca assume controlo dos seus equipamentosDesative qualquer partilha de ecrã, termine a chamada
Os bons reflexos em caso de dúvida
Agir imediatamente
- Bloqueie o cartão através da app bancária, se possível.
- Faça oposição ligando para o número oficial no verso do cartão ou para o serviço interbancário.
- Contacte o seu gestor pelo canal seguro ou por um número distinto da mensagem recebida.
Sinalizar e proteger-se
- Transfira SMS suspeitos para o 33700 e apague-os.
- Ligue para o serviço Informações Burlas: 0 805 805 817 para obter ajuda.
- Se houver débitos, declare a fraude na plataforma Perceval e guarde os comprovativos.
No caso de operação não autorizada, a lei exige o reembolso após contestação, exceto em caso de negligência grave comprovada pelo banco.
Os seus direitos e os prazos de reembolso
A legislação europeia de pagamentos exige a rastreabilidade das operações. Caso uma transação não tenha sido autorizada, o prestador tem de creditar o valor após a sua reclamação. Os bancos verificam a autenticação forte e o uso do cartão. Se um código 3D Secure for validado à sua revelia, é efetuada uma análise mais aprofundada. O ónus da prova cabe ao prestador de serviços de pagamento.
Denuncie os débitos assim que os detetar. Quanto mais rápido agir, melhor será o desfecho. Guarde capturas de ecrã, histórico de chamadas, SMS recebidos e respetivos números. Estas evidências facilitam o processo e a indemnização.
Porque esta fraude ainda resulta
Os burlões exploram três fatores: urgência, autoridade e rotina. A urgência trava a reflexão. A autoridade tranquiliza graças à usurpação de números e a um discurso técnico. A rotina baseia-se nos hábitos de notificações e códigos. A mistura confunde e leva ao erro.
A deslocação a casa aumenta a credibilidade. Um crachá plastificado, atitude profissional, recibo para assinar: a ilusão dura alguns minutos. Tempo suficiente para levar cartão e código ao multibanco e realizar várias compras.
Guia típico de chamada: saiba o que esperar
Como é a chamada
“Bom dia, serviço de segurança. Três compras no estrangeiro acabaram de ser tentadas. Para evitar um débito, vamos bloquear de imediato. Pode confirmar a sua identidade e validar o cancelamento através do código recebido por SMS? Um estafeta passará para recolher o cartão para auditoria.” Esta sequência manipula o cliente. Leva a validar uma operação e a entregar o cartão.
Percante tal discurso, respire fundo. Termine a chamada. Ligue para o seu banco usando o número impresso no cartão ou nos extratos. Verifique o histórico antes de qualquer conversa.
Configurações úteis para prevenir
- Ative notificações em tempo real para cada compra com cartão ou transferência.
- Defina limites de compras e levantamentos ajustados, alteráveis na app.
- Desative pagamentos à distância quando não necessite.
- Use um cartão virtual para compras online recorrentes.
- Instale filtros de chamadas no telefone e mantenha o sistema atualizado.
E se o cartão já foi entregue
Bloqueie o cartão de imediato. Faça oposição. Liste todas as operações suspeitas e comunique-as sem demora no canal seguro. Apresente participação criminal se o banco o solicitar para instrução do processo. Avise familiares, vizinhos e idosos, frequentemente visados nestas tentativas presenciais.
Vigie as transferências bancárias, não apenas os pagamentos com cartão. Por vezes, os burlões testam transferências instantâneas após assumir o controlo. Altere palavras-passe do email e da sua área bancária online se partilhou algum código inadvertidamente.
Para saber mais: variantes a conhecer
O “vishing” assenta na chamada telefónica. O “smishing” utiliza um SMS com link para uma página bancária falsa. Códigos QR espalhados pela cidade podem encaminhar para sites fraudulentos. O mecanismo é idêntico: provocar um clique, extorquir um código e validar uma transação.
Um teste simples pode decidir: se o interlocutor pede um dado secreto (código, palavra-passe, CVV, código por SMS), desligue. Se sugerir validar uma operação não iniciada por si, pare tudo. Se propuserem passagem a domicílio, recuse. Estes três critérios anulam quase todos os esquemas atuais.
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