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Em Seine-et-Marne, utilizadores frustrados da piscina protestam e passam à ação.

Fila de pessoas à espera junto a uma piscina exterior coberta, num dia nublado.

Famílias, clubes, seniores, escolas: todos se deparam com o mesmo problema. Aos fins de semana, faz-se fila à porta fechada. À hora de almoço, há “manutenção técnica” que nunca mais acaba. Circula uma petição, mensagens passam de mão em mão, os pais organizam-se. Agora, a questão é simples e concreta: como mudar as coisas sem nos perdermos em promessas?

O mosaico brilha sob as luzes de néon, cheiro a cloro e gritos de crianças. Numa terça-feira às 18h, a fila serpenteia até ao átrio, toucas a espreitar dos sacos de desporto. Uma mãe suspira, o filho segura a sua prancha azul com força. O funcionário da receção pede desculpa, novamente, cartaz virado para si: “Piscina desportiva encerrada – falta de pessoal”. Os rostos ficam mais fechados, algumas gargalhadas nervosas disfarçam a deceção. Espreita-se pela parede envidraçada: a piscina grande dorme, calma, quase irónica. Todos já passámos por este momento em que um espaço público nos desilude. O que vem a seguir vai surpreender.

Porque cresce a indignação

Nos últimos meses, a piscina vem causando problemas, silenciosamente. Horários encurtados ao final do dia, encerramentos repentinos aos domingos de manhã, água na piscina pequena mais fria do que o previsto. Os clubes tentam reorganizar-se com horários que desaparecem, as famílias improvisam como podem. Regressa-se a casa com o fato de banho seco. No balcão, os preços dispararam. Uns euros a mais que custam, sobretudo quando não se nada.

O exemplo que fez explodir tudo foi um sábado em que 80 pessoas esperaram 45 minutos para saber que as atividades tinham sido canceladas. Uma treinadora improvisou ginástica no átrio para os adolescentes em fato de treino, só para salvar a sessão. Um avô, que veio para a hidroginástica, olhou para o relógio, depois para o passe anual, e engoliu o desagrado. Na segunda-feira seguinte, uma petição começou a circular. Primeiro 200 assinaturas, depois 1.000, e a vaga cresceu.

O mecanismo já é conhecido: dificuldades em recrutar nadadores-salvadores, custos energéticos elevados, equipamentos envelhecidos. Uma avaria na aquecedora e tudo para. As obras de renovação atrasam, as peças não chegam. As autarquias precisam de segurar o orçamento e cortam nas horas de abertura. No fim, é o utilizador que fica à porta. Quando se acumula, rebenta.

Como os utilizadores se organizam

O método mais simples muitas vezes é o mais eficaz: centralizar a informação. Surgiu um grupo WhatsApp, alimentado pelos relatos em tempo real dos utilizadores. Quem apanhou a porta fechada? Quem viu o cartaz do dia? Quem recebeu email a cancelar? Em poucos dias, criou-se um mapa dos incidentes. Serviu para fundamentar pedidos e identificar os horários mais fiáveis. Eficaz, quase artesanal.

Outro gesto prático: manter um pequeno “caderno de incidentes” partilhado. Data, motivo, duração, número de pessoas afetadas, valor do bilhete ou da sessão perdida. Bastam três colunas. Os números, preto no branco, falam mais do que parágrafos longos. Sejamos honestos: ninguém faz isto todos os dias. Mas num mês, uma dezena de registos já mostra uma realidade incontornável.

O coletivo gerado por esta indignação divulga agora uma mensagem clara e não agressiva.

“Não procuramos culpados. Queremos informações fiáveis e um calendário de manutenção anunciado com antecedência, com compensações quando houver encerramentos.”

Três ideias fulcrais aparecem sempre na sua comunicação, simples e claras:

  • Transparência dos horários e encerramentos, anunciados com pelo menos 72 horas.
  • Moderação dos **preços** quando houver serviços reduzidos, ou créditos válidos todo o ano.
  • Plano de manutenção publicado, com etapas e prazos, para evitar surpresas.

O que está em causa atrás dos torniquetes

Nesta piscina da região de Seine-et-Marne fala-se de desporto, mas, acima de tudo, de confiança. A transparência não custa muito e muda tudo. Um quadro de lotação online, um canal de atualizações, um horário claro para os clubes: é básico e reduz a tensão. Quando percebemos a dificuldade, aceitamos melhor o transtorno. Ao navegar na incerteza, revoltamo-nos. A resposta está à vista.

A autarquia, por sua vez, caminha na corda bamba. Entre energia, manutenção e salários, cada euro conta. Está em cima da mesa um plano de investimento, com renovação do permutador de calor e das duches. Os prazos não entusiasmam, as obras tampouco. Fica o que os habitantes veem: experiências que se degradam, promessas adiadas. A responsabilidade não é de um só: é da autarquia, dos gestores e dos utentes.

Os nadadores decidiram agir. Uma “segunda-feira das toucas” reuniu cem pessoas no átrio, em silêncio, touca na cabeça, bilhete na mão. Sem gritos, sem apitos. Só a foto a falar por si. Os organizadores entregaram um dossiê com números e **três pedidos claros**. A direção prometeu informar publicamente todas as semanas, garantir horários de natação livre em segurança e um desconto para os assinantes afetados. Será suficiente? Veremos. Para já, a exaustão encontrou uma via construtiva.

Formas de agir, sem criar conflito

Para motivar melhorias num equipamento, nada como um encontro claro. Pedir uma reunião com a direção, em pequeno grupo, perguntas preparadas, funciona. Dois pais, um representante do clube, uma pessoa idosa. Quinze minutos, não mais. Sair com um plano e data de acompanhamento. *Sem fôlego* para grandes discursos. O que conta é o concreto.

Outra arma, discreta e eficaz: testemunhos curtos. Uma foto do cartaz “fechado”, uma frase, uma hora, tom respeitoso. Os eleitos leem, os gestores também. O erro comum é perder-se na raiva ou nos ataques pessoais. Isso fecha portas. Manter a firmeza, manter a objetividade, é o caminho mais rápido. Sim, frustra, sabemos.

A mobilização local conta também com aliados naturais. Associações de bairro, clubes, professores de Educação Física, médicos que receitam hidroginástica.

“A piscina é saúde pública em fato de banho. Quando fecha, perde-se um hábito que nos mantém de pé.”

Para manter o foco, circula um quadro prático:

  • Um canal único de informação (mensagens ou newsletter) e um calendário partilhado.
  • Um porta-voz rotativo, para não desgastar sempre os mesmos.
  • Um documento dinâmico onde se registam incidentes, respostas e progressos.

E agora?

A onda de protestos diz algo simples: não se pede luxo, pede-se fiabilidade. Nadar sem receio de chegar e encontrar a porta fechada. Saber se a aula se realiza. Não pagar por nada. Por trás do mosaico está a rotina, os joelhos menos doridos, as cabeças a respirar melhor. Um equipamento público é um pedaço da vida do dia a dia. Só se nota quando falha.

Esta história em Seine-et-Marne já parece um teste. Conseguirá um serviço público reconhecer as suas falhas e corrigir o percurso com os utilizadores? Pode um coletivo manter-se a longo prazo, sem desanimar nem azedar? A resposta chegará nas próximas semanas. A piscina espera. O cloro não diz nada. **O futuro depende de todos.**

Ponto chaveDetalheInteresse para o leitor
Encerramentos e horáriosMuitas cancelamentos, horários reduzidosAdaptar as visitas, perceber a dimensão do problema
MobilizaçãoPetição, grupo de partilhas, reunião com a direçãoInspiração em ações concretas e eficazes
Resultados esperadosInformações fiáveis, compensações, calendário de manutençãoSaber o que reivindicar sem se dispersar

Perguntas frequentes:

  • Porque é que a piscina fecha tão frequentemente agora? Entre avarias técnicas, falta de pessoal e obras atrasadas, o serviço anda a meio-gás e acontecem muitos cortes.
  • Pode-se pedir reembolso quando a sessão é cancelada? Sim, muitas vezes sob a forma de crédito ou prolongamento da assinatura. Pedir informações à recepção ou por email após cada incidente.
  • Como aderir à mobilização local? Existe um grupo de discussão, com uma página dedicada à petição. Também pode ajudar no registo de incidentes.
  • A segurança está em causa? Os encerramentos visam sobretudo manter o necessário nível de vigilância ou de higiene. O problema não está na exigência, mas na organização.
  • Que alternativas existem em Seine-et-Marne enquanto se aguarda? Experimentar horários mais calmos nas piscinas próximas, tanques exteriores nordic, ou horários de clubes abertos a convidados, até a situação estabilizar.

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