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Higiene: Este acessório raramente é lavado, mas especialistas não o recomendam.

Sala de estar com sofá bege, manta e almofadas; mesa com caixa de lenços e vela; luz natural suave entrando pela janela.

Um detalhe discreto de higiene pode, por vezes, comprometer o conforto da sala de estar e agravar narizes sensíveis.

No centro das noites em frente à televisão, há um objeto que costuma escapar à rotina de limpeza: a manta. Macia, reconfortante, a passear entre cama, sofá e quarto de criança, acumula pelos, suor, migalhas e poeiras. Especialistas em higiene doméstica desaconselham o uso sucessivo sem lavagens programadas, sobretudo em casas com crianças ou animais.

Porque é que as mantas escapam ao cesto da roupa suja

As mantas são associadas ao “aspeto limpo”. Não apresentam manchas óbvias e acabam enroladas na ponta do sofá. Este reflexo cria um ângulo morto: sem lembrança visual, não se lava. Outro impedimento é o receio de estragar o tecido. Resultado: o intervalo entre lavagens aumenta e as fibras retêm aquilo que o olho não vê.

Uma manta raramente lavada concentra ácaros, escamas de pele, pólenes e bactérias cutâneas. O ar da sala transporta parte destes agentes a cada sacudidela.

O que fica retido nas fibras após algumas semanas

Cada utilização deixa células de pele, resíduos de sebo e humidade. Os pelos de animal aderem à malha, os póslenes sazonais ficam presos no tecido, microgotas de tosse ali aterram. Num ambiente aquecido, a humidade residual favorece maus odores e irritações na garganta.

Os alergologistas detetam espirros e manchas de eczema em pessoas sensíveis que dormem com mantas não lavadas. Os ácaros alimentam-se de escamas e proliferam a partir dos 20 °C, especialmente se a humidade relativa ultrapassar os 50 %. A acumulação pouco se vê, mas sente-se: comichões, olhos lacrimejantes, pieira.

Lavar a 60 °C elimina os ácaros. Quando o material não o permite, combinação de lavagem delicada + secagem completa + arejamento já reduz a carga alergénica.

Frequência de lavagem consoante a utilização

Nem todos vivemos a manta da mesma forma. Ajuste o ritmo à rotina do seu lar.

  • Manta “decorativa”, pouco usada: lavar de 6 em 6 a 8 em 8 semanas.
  • Utilização diária na sala: lavar de 2 em 2 a 3 em 3 semanas.
  • Contacto direto com pele nua, sesta ou noite: lavar de 1 em 1 a 2 em 2 semanas.
  • Lar com animais ou bebés: lavar de 1 em 1 a 2 em 2 semanas, mais arejamentos frequentes.
  • Após doença infeciosa em casa: lavagem imediata.

Métodos de limpeza sem danificar o tecido

Antes de lavar, retire pelos e poeiras: escova adesiva, vapor rápido ou ar frio na máquina de secar durante 10 minutos com uma bola de secagem. Depois, siga a etiqueta. Escolha detergente pouco perfumado para limitar irritações. Meça a dose: detergente a mais retém cheiros na secagem.

MaterialCiclo e cuidadosTemperaturaSecagemFrequência recomendada
Ciclo lã, saco de lavagem, centrifugação suaveFrio a 30 °CNa horizontal, longe de fontes de calor3 a 6 semanas conforme o uso
CaxemiraLavar à mão ou ciclo lã, champô especialFrioNa horizontal sobre toalha4 a 8 semanas
AlgodãoCiclo normal, carga leve40 a 60 °C conforme etiquetaSecar ao ar livre ou tambor suave2 a 3 semanas
Polaire ou microfibraCiclo delicado, sem amaciador30 a 40 °CSecar ao ar, longe do sol direto2 a 3 semanas
Lã merinoCiclo lã, detergente específicoFrio a 30 °CNa horizontal3 a 6 semanas
Mistura poliésterCiclo delicado, tambor pouco cheio30 a 40 °CSecar ao ar2 a 3 semanas

Gestos que prolongam a vida útil

  • Aire a manta 10 minutos junto a uma janela aberta depois de usar.
  • Alterne entre duas mantas para espaçar o desgaste e manter o ritmo de lavagens.
  • Guarde-a seca num saco respirável, nunca num saco hermético.
  • Retire os pelos de animais antes de lavar, para evitar borbotos colados.

Cheiros persistentes: soluções direcionadas

Um cheiro persistente indica carga orgânica ou secagem incompleta. Neutralize sem mascarar.

  • Bicarbonato: um punhado no tambor com o detergente, seguido de enxaguamento longo.
  • Vinagre branco: 1/2 copo no compartimento do amaciador, nunca em simultâneo com amaciador.
  • Secador de ar frio: 10 minutos com duas bolas, depois secagem na horizontal.
  • Sol de inverno: 30 minutos de cada lado; os UV atenuam cheiros e secam as fibras.
Um bom cheiro a perfume não equivale a limpeza. Uma secagem lenta e completa é a chave para uma manta realmente fresca.

Sinais de alerta que exigem lavagem rápida

  • Comichão na pele ou vermelhidões após contacto.
  • Congestão nasal, espirros ao enrolar-se nela.
  • Manchas gordurosas ou zonas escuras nas dobras do tecido.
  • Traços de humidade depois de um derrame ou sesta suada.
  • Uso por uma pessoa doente nas últimas 72 horas.

Erros frequentes que danificam a manta

Certos hábitos degradam a fibra e reduzem o conforto. Evite estas armadilhas.

  • Amaciador na polar: a fibra satura e perde volume.
  • Tambor sobrecarregado: a fricção cria borbotos.
  • Água demasiado quente na lã: o tecido encolhe e endurece.
  • Secagem no radiador: o calor parte as fibras e fixa os maus odores.
  • Centrifugação forte: a torção deforma as bordas e estica a malha.

Quando se deve descartar o uso da manta

Nalguns casos, o melhor é pôr a manta imediatamente para lavar. Uma gastroenterite, gripe, infeção cutânea contaminam rapidamente o têxtil. Um animal molhado, chávena de leite entornada, sesta após exercício, tudo isto deixa humidade nas fibras e reforça os odores. Se o tecido permanecer húmido mais de 24 horas, lave e seque totalmente.

Após doença em casa, utilize um ciclo quente compatível com o tecido e faça uma secagem completa antes de voltar a usar.

Para ir mais longe: ar interior, humidade e alergias

A manta não vive isolada. A qualidade do ar interior influencia a sua limpeza percebida. Uma humidade entre 40 e 50 % limita a proliferação dos ácaros. A troca de ar, duas vezes por dia, ajuda a eliminar o excesso de humidade acumulado nos têxteis. Aspirador com filtro hepa reduz o pó que recai sobre as mantas na sala.

Pessoas asmáticas ou alérgicas beneficiam de escolher materiais fáceis de lavar, como algodão ou microfibra, e manter uma rotina regular de limpeza. Um calendário magnético para “têxteis de contacto” (lençóis, fronhas, mantas) simplifica o acompanhamento, especialmente em famílias numerosas.

Dica para lares com animais

Antes de cada lavagem, coloque a manta seca na máquina de secar durante 10 minutos a frio com duas bolas. Os pelos soltos migram para o filtro. A lavagem torna-se mais eficaz e evita resíduos grudados às costuras. Utilize de seguida detergente enzimático de perfume suave para dissolver manchas orgânicas.

Questão de orçamento e durabilidade

Lavar mais não implica necessariamente contas mais altas. Um ciclo a 30 °C, tambor meio cheio e secagem ao ar reduzem gastos. Alterne duas mantas: poupa a fibra e mantém um ritmo realista. Considere ainda capas amovíveis para mantas decorativas: um fecho muda tudo na hora de lavar.

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