Uma futura regra para maiores de 70 anos preocupa muitos lares.
O debate entra nas conversas familiares. Entre o receio de perder a mobilidade e a necessidade de segurança, os condutores mais velhos aguardam para saber se 2025 mudará os seus hábitos ao volante.
Retirada automática após os 70 anos: verdade ou mito?
Atualmente, nenhuma medida impõe a retirada automática da carta aos 70 anos. O cenário discutido na Assembleia Nacional baseia-se num princípio diferente: verificar regularmente a aptidão para conduzir e adaptar a carta se necessário. O Governo e os deputados falam num controlo médico periódico, não numa exclusão automática.
Não está prevista a retirada automática aos 70 anos: a proposta em análise visa uma consulta médica regular e restrições específicas, se for caso disso.
O que prepara a reforma francesa
O texto em discussão prevê uma consulta médica obrigatória de cinco em cinco anos a partir dos 70 anos. Objetivo: detetar diminuição da visão, audição, alerta ou mobilidade, e propor a solução mais segura para a pessoa e para os outros utentes da estrada.
Como seria a consulta
- Testes de visão e audição, com correções prescritas se necessárias.
- Avaliação dos reflexos, da atenção e da coordenação.
- Entrevista sobre medicamentos, doenças e antecedentes de acidentes.
- Verificação das capacidades necessárias para manobrar e reagir.
No final, o médico pode recomendar várias soluções: manutenção da carta, renovação com condições, curso de atualização ou suspensão temporária com acompanhamento. A retirada simples e definitiva seria uma opção de último recurso, perante uma incapacidade manifesta.
Os números que agitam o debate
A maioria dos idosos franceses continua a conduzir. Os dados disponíveis confirmam isso e enquadram o debate segurança/autonomia.
93% dos maiores de 65 anos ainda conduzem. Em 2024, os seniores representam cerca de 24% das vítimas mortais na estrada.
Com a idade, a visão diminui, o tempo de reação aumenta, o cansaço chega mais depressa. Os acidentes acontecem principalmente em mudanças de direção, cruzamentos ou entradas em vias. No entanto, as deslocações são menos arriscadas do que as dos condutores novatos em termos de infrações e excesso de velocidade. A prevenção dirigida pode assim trazer ganhos rápidos.
O que faz a Europa e onde se posiciona a França
A Comissão Europeia promove verificações mais frequentes da aptidão à condução com o avançar da idade. Os países já aplicam modelos variados: alguns exigem parecer médico e reduzem a validade da carta, outros colocam condições específicas à condução. A França considera um caminho intermédio: controlo regular, acompanhamento e restrições adaptadas em vez de um limite de idade fixo.
Restrições possíveis em vez de sanção imediata
Quando se verifica um limite, a autoridade pode inscrever um código na carta para definir as condições de condução. Estes códigos já existem na União Europeia. Permitem ajustar, não excluir.
Restrição – Exemplo de uso – Finalidade
Condução diurna – Proibição de circular à noite – Limitar o encandeamento e o cansaço
Ajudas visuais ou auditivas – Uso de óculos ou aparelhos auditivos – Corrigir sentidos deficientes
Caixa automática – Veículo sem pedal de embraiagem – Facilitar a coordenação
Perímetro ou horários – Viagens locais, horas de menor movimento – Reduzir a exposição a situações complexas
Liberdade e segurança: onde traçar o limite
As associações de idosos alertam para o risco de perda de autonomia, sobretudo nas zonas rurais. As famílias preocupam-se com os tempos de espera para consultas e o custo das visitas. Os defensores do controlo lembram o custo humano dos acidentes. O compromisso procurado: consultas simples e rápidas, apoios ao financiamento dos exames e alternativas de mobilidade quando deixar de conduzir for necessário.
Preparar uma consulta de aptidão
- Prever um exame de visão recente e verificar a correção dos óculos.
- Falar ao médico sobre medicamentos que possam causar sonolência.
- Marcar a consulta para um dia de descanso, sem stress ou viagens longas antes.
- Rever o código da estrada: sinalização, prioridades, distâncias de segurança.
- Pensar em fazer um curso breve de atualização com um instrutor.
Um simples ajuste — óculos corretos, caixa automática, condução diurna — muitas vezes basta para prolongar a condução em boas condições.
Se a carta for suspensa, como manter a mobilidade
A suspensão não impede a circulação por outros meios. Muitos municípios testam serviços flexíveis e acessíveis. Algumas caixas de reforma apoiam deslocações essenciais. Plataformas locais oferecem transporte a pedido, boleias organizadas e transportes para mercados ou consultas.
- Transporte a pedido municipal ou intermunicipal.
- Passe de autocarro com desconto para maiores de 65 anos.
- Boleias locais com pontos de recolha fixos.
- Serviços associativos para consultas e compras.
- Aluguer pontual de pequenos veículos elétricos ou bicicletas com assistência.
Mitos e realidades
Mito – Realidade
Aos 70 anos perde-se automaticamente a carta. – A proposta estudada baseia-se numa consulta e decisões caso a caso.
O médico retira a carta ao menor sinal de alerta. – Pode propor correções, restrições, curso ou acompanhamento.
Os seniores causam todos os acidentes graves. – Estão menos envolvidos em excesso de velocidade; o risco aumenta sobretudo em manobras complexas.
Não existe qualquer apoio para financiar um exame. – Há apoios locais e associativos que cobrem parte dos custos segundo a zona.
Perguntas práticas
Que sinais devem levar a pedir uma avaliação de condução?
Esquecimento das prioridades, hesitação prolongada nos cruzamentos, críticas frequentes da família ou amigos, dificuldade em ler sinais, micro-sestas ao volante. Estes sinais justificam uma consulta médica e um curso breve.
O que acontece se o médico tiver dúvidas?
Pode exigir exames adicionais, recomendar medidas corretivas, propor uma restrição temporária ou comunicar a situação à autoridade competente. O objetivo é adaptar a condução ao estado de saúde.
Que adaptações no veículo podem ajudar?
Bancos mais altos, espelhos alargados, câmara de marcha-atrás, ajudas não intrusivas à condução, caixa automática. Estes equipamentos reduzem o cansaço e os erros de manobra.
Ir mais longe: auto-testar-se e planear as rotas
Um simples auto-diagnóstico ajuda a avaliar-se: consegue ler uma matrícula a 25 metros? Mantém pelo menos dois segundos de distância? Gera um cruzamento ou rotunda sem hesitar? Se hesitou, uma revisão com um profissional aumenta rapidamente a confiança.
Planear as viagens reduz o stress: preferir percursos conhecidos, evitar a hora de ponta, prever alternativas, estacionar longe de áreas densas. As apps de navegação oferecem opções “seguras” com menos cruzamentos complexos, úteis para condutores que querem poupar atenção.
O que reter para 2025
O calendário depende da aprovação e dos decretos. O princípio defendido não impõe uma barreira rígida de idade, mas um acompanhamento médico regular e condições de condução personalizadas. A segurança melhora quando se ajusta o percurso, o veículo e a condição do condutor. Os seniores podem manter-se ao volante por mais tempo com acompanhamento, sem ver a reforma como uma penalização.
Para antecipar, prepare um dossier simples: prescrição atualizada dos óculos, lista de medicamentos, certificados de cursos frequentados, relatórios médicos recentes. Esta preparação agiliza os procedimentos e orienta para a solução mais adequada, seja manter a carta, condicioná-la, ou optar por soluções alternativas de mobilidade nos dias menos favoráveis.
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